segunda-feira, 20 de outubro de 2025


20 de Outubro de 2025
CLÁUDIA AITANO

Valeu tudíssimo

Agora que a novela terminou, todo mundo já sabe quem não matou Odete Roitman: o merchan.

As inserções publicitárias não foram inventadas ontem (o termo em inglês para novela, "soap opera", vem exatamente dos comerciais de sabão veiculados nos intervalos dos folhetins radiofónicos nos anos 1930), mas Vale Tudo deve ter batido um recorde histórico em termos de tempo dedicado a anúncios dentro de uma trama de ficção.

Nos últimos capítulos, quando a maioria dos personagens já não tinha o que fazer em cena, o amaciante, o carro chinês e a pomada contra assaduras ganharam protagonismo inédito. (Raquel, coitada, chegou a ganhar nos bastidores o apelido de "garota do merchan".) Teve delivery de bebidas dentro da suíte presidencial do Copacabana Palace, coquetel com os convidados segurando garrafas de refrigerante em vez de copos, bilionária usando cremes de marca popular. Valeu tudíssimo.

Na planilha de Excel, foi um sucesso absoluto - não só para a emissora, que há anos não faturava tanto com uma telenovela, mas para as mais de 20 marcas que colocaram seus produtos em evidência no horário nobre. Funcionou também o cruzamento entre os anúncios que rolavam em cena com aquilo que era postado nos perfis pessoais dos protagonistas - um ótimo negócio para atores e atrizes obrigados a fazer bico como influencers para continuar na profissão.

Nessas plataformas, a gente sabe, nem sempre é fácil distinguir o "conteúdo orgânico" de um "publi" - ou seja, um post com uma opinião franca sobre um produto de um comentário patrocinado por um anunciante. Nas redes sociais, é tudo junto e misturado mesmo, com o algoritmo forçando a barra para que o usuário seja mais exposto à publicidade do que a qualquer outro tipo de conteúdo. É essa lógica que parece ter tomado conta da novela das oito, com cada fiapo de história servindo de pretexto para um anúncio - sem falar daquelas cenas que, não contribuindo em nada para o andamento da trama, só estavam lá em função do produto sendo vendido.

Talvez ficção e publicidade fiquem cada vez mais indistintas na televisão. Talvez Odete Roitman volte em breve, em uma nova série ou filme, apenas para encomendar uma rodada de chope do Zé Delivery. Vale tudo, eu entendi, mas acho uma pena. Para boa parte dos brasileiros, a telenovela é a única dose de fantasia consumida com regularidade. O merchan excessivo, sem critério, tosco, desrespeita aquele espectador que gostaria de poder colocar a vida real em suspensão, pelo menos por alguns minutos, sem ser interrompido a todo momento por uma conversa aleatória sobre sabão em pó. _

CLÁUDIA AITANO

20 de Outubro de 2025
OPINIÃO RBS

Um novo aeroporto para o Estado

Aguardado há mais de uma década, um dos projetos de infraestrutura prioritários para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul recebeu impulso para, finalmente, alçar voo. Foi assinada, na quinta-feira, a autorização que permite ao município de Caxias do Sul licitar a construção do Aeroporto da Serra Gaúcha. É um passo inicial, mas imprescindível, para incrementar o turismo e desembaraçar a movimentação de cargas no Estado. Espera-se que, diferentemente de outras obras públicas, não venha a sofrer atrasos.

A implantação do complexo no distrito de Vila Oliva conta com a promessa de R$ 146 milhões da União, via Fundo Nacional de Aviação Civil, destinados a custear uma primeira etapa, que contempla itens como uma pista de pouso e decolagem de 1.930 metros, pátio, sinalização e auxílio à navegação aérea. O cronograma divulgado durante o ato de assinatura, que contou com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, prevê a publicação do edital no fim do mês e a divulgação da empresa vencedora em janeiro de 2026, com prazo de dois anos para conclusão. A concretização desse calendário, seguida pela confirmação de obras posteriores, a exemplo do terminal de passageiros, deverá estimular o turismo e a economia da Serra com reflexos positivos para todo o Estado.

A nova estrutura terá a função de atender à crescente demanda de passageiros na região e beneficiar diretamente Caxias do Sul e municípios próximos como Bento Gonçalves, Farroupilha, Garibaldi, Gramado e Canela. Para se ter ideia do potencial turístico que o futuro aeroporto vai contemplar, somente Gramado espera receber, no ano que vem, 8,5 milhões de visitantes. O projeto tende a estimular, especialmente, a vinda de turistas de fora do Rio Grande do Sul, o que contribui para a atração de recursos adicionais à economia gaúcha e representa um novo alento para a superação de dificuldades enfrentadas nos últimos anos por conta da pandemia e das enchentes.

Para que todo o potencial do aeroporto da Serra se confirme, é preciso que a sociedade gaúcha se mantenha vigilante a fim de monitorar e cobrar a aplicação dos recursos prometidos, o respeito aos prazos anunciados e a execução das estruturas complementares destinadas a multiplicar o efeito benéfico do investimento. Isso envolve a implantação da estrutura rodoviária no entorno do complexo aeroportuário, com especial atenção ao acesso de Vila Oliva à cidade de Gramado. Conforme o governo estadual, responsável por garantir essa ligação, há previsão de que as obras tenham início também em 2026.

É crucial, ainda, que a iniciativa não esbarre em contratempos como os que afetaram, por exemplo, a construção da nova ponte do Guaíba, em Porto Alegre. Embora a estrutura principal tenha sido entregue, a conclusão das alças de acesso está prestes a completar cinco anos de paralisação. A interrupção em intervenções desse porte provoca transtornos, desperdiça recursos públicos e acaba por transformar esperança em frustração - o que, se espera, não seja o caso do aeroporto previsto para fazer decolar o desenvolvimento na serra gaúcha. 



20 de Outubro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Respostas capitais

"Foi um apagão, sim. Mas não teve causa estrutural". Nivalde de Castro - Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Setor Elétrico (Gesel)

Há quase um ano, Nivalde de Castro alertava nesta coluna para os riscos do excesso de subsídios à energia solar. A ameaça se concretizou com a necessidade de corte na oferta de energia limpa em um país que ainda convive com apagões como o que ocorreu há poucos dias. Castro frisa que não há riscos sistêmicos e que não há conexão entre os dois temas. Vê na redução que dá estabilidade ao sistema um remédio amargo para "as dores da transição".

Como havia alertado, estão sendo feitos cortes em geração solar. Não foi possível evitar?

Esse crescimento acelerado foi motivado, em grande parte, por subsídios que permitem ofertar contratos no mercado livre com tarifa mais baixa. Quando se constrói fazenda solar ou coloca placas voltaicas em casas, a oferta é ampliada. E isso não é monitorado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema). É uma mudança de paradigma da metodologia de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). Há mais oferta sem aumento de demanda. Por isso, é preciso cortar geração. O ONS está perdendo a capacidade de operar o sistema porque as fontes eólica e solar só funcionam quando tem vento ou sol. Então, o ONS só pode determinar o despacho (ordem para produzir) de hidrelétricas e termelétricas.

Há sentido na crítica sobre o resultado líquido ser mais energia "suja" e menos limpa?

Não, porque o ONS precisa das térmicas para o ajuste. A variável independente é a demanda. Não pode chegar aqui na minha casa e dizer "corta aí a tua demanda (consumo de energia)". Quando começa a escurecer, a produção de energia solar desaba. Aí, tem de puxar geração térmica, notadamente se os reservatórios estiverem baixos. Está emitindo? Está, mas 90% do que o Brasil produz é renovável, e o mundo gera 85% não renovável.

Preocupa o ONS perder a capacidade de gerir o SIN?

Isso é consenso, o próprio ONS reconhece. Cada painel (fotovoltaico) que entra na rede de distribuição fica fora da capacidade técnica do ONS de operar, não tem nem equipamentos. Sempre foi assim, mas a rede de distribuição só consumia energia elétrica. Agora, está produzindo. E a demanda prevista cai, porque existem os autoprodutores.

Como se resolve?

O mundo felizmente identificou que o aquecimento global é um grande problema e precisa ser resolvido. Um componente é o consumo de energia de fontes não renováveis, que geram gases de efeito estufa. É preciso descarbonizar, e o setor elétrico tem papel estratégico nessa transição, com a produção de energia eólica e solar. Quando entram, vão mudando o paradigma. São as dores do processo de transição, que trazem problemas novos. Estamos gerando energia limpa, mas tendo de cortar. Quem não conhece vê um absurdo, mas é preciso cortar porque cresceu muito, por ser mais barato e porque teve muito subsídio. A solução, primeiro, é que esses cortes sejam rateados por todos os produtores. Quem apostou tem um risco comercial, vai deixar de ganhar, mas está sendo feito de forma assimétrica. Estruturalmente, precisamos de sistemas de armazenamento. Aí, quando sobra, carrega a bateria. Quando começa a anoitecer, liga e evita a termelétrica. Outra solução é trazer grandes consumidores de energia, como data centers para inteligência artificial e produção de hidrogênio verde.

? De um lado, há cortes na oferta, de outro tem apagão. Há ligação?

O conjunto de redes que forma o SIN tem cerca de 180 mil quilômetros (4,5 vezes a volta da Terra), com linhas de tensão de 230 a 800 quilovolts. É uma complexidade fantástica. São 250 mil megawatts (MW) de potência. Quando houve o apagão, às 2h, só rodavam 72 mil MW. A demanda cai muito à noite. Quando acontece um problema em linha de transmissão com a de Bateias, de 500 kV, para de escoar energia. As linhas de transmissão são como autoestradas de energia. Como é uma estrada importante, quando dá problema, é preciso cortar o fluxo. A montante, ou seja, para trás, tem de pedir para as usinas pararem. E à jusante, à frente, orienta para cortar porque não tem energia para mandar. Só que como o sistema é interligado, ocorre o chamado efeito dominó. São procedimentos previstos no Esquema Regional de Alívio de Carga, o Erac.

É impossível evitar apagões, como disse o ministro?

Sim, porque se acontece um evento extremo como esse, em que um reator de uma subestação de 500kV pega fogo, tem de desligar. Foi preciso diminuir a carga (total de energia que passa pelo sistema) em 10 mil MW. Mesmo que tenha capacidade para produzir 250 mil e naquele horário estivesse demandando 70 mil, é 15%. Mas como os equipamentos estão interligados, gera um efeito em cadeia. Depois, vai recompondo a carga, ou seja, religando. Esse processo demorou umas duas horas e meia. Como foi à noite, não foi problema de excesso de oferta, de pico de demanda.

Como ocorre um incêndio em um equipamento tão complexo, com tantas consequências previsíveis?

É imprevisível. Se acontecesse toda semana, todo mês, teria algo muito errado. Agora, Aneel e ONS vão analisar o problema do equipamento para criar um protocolo. Será verificado se o óleo estava velho, se faltou manutenção. Isso ocorre, mas não é falha do sistema, não é sinal de que está faltando investimento ou planejamento. Foi um acidente. Em qualquer lugar do mundo em que uma subestação de 500kV da qual saem várias linhas tivesse esse problema, teria o mesmo efeito. seja em Estados Unidos, China ou Alemanha. É um problema de física. O ministro disse que não foi um apagão, mas foi, sim. Mas não teve causa estrutural. O protocolo do ONS é preservar os equipamentos. É para isso que faz o corte na demanda.

O SIN precisa de uma atualização?

Claro que precisa, porque a oferta está crescendo à frente da demanda. É preciso investir, notadamente se é preciso atender a esses eletrointensivos, como datacenter e hidrogênio. Para 2029, a previsão do ONS é sair dos atuais 176 mil quilômetros para 184 mil quilômetros. Em cinco anos vamos aumentar 8 mil quilômetros em linhas de transmissão. É preciso ter um equipamento aqui, outro ali, mas isso está sendo analisado e está no planejamento.

Podemos dar adeus definitivo ao horário de verão?

A única coisa para sempre certa é a morte. O resto pode ser qualquer coisa. 

GPS DA ECONOMIA

20 de Outubro de 2025
POLÍTICA E PODER - Paulo Egídio

PPP para escolas emperra no TCE

Lançado em agosto de 2023 pelo governador Eduardo Leite, o projeto para a reforma e manutenção de escolas estaduais via parceria público-privada (PPP) corre risco de não sair do papel até o final do mandato. O lançamento do edital está suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) desde dezembro do ano passado. Após a liberação da Corte, o Palácio Piratini ainda precisará efetivar o leilão e assinar o contrato com a futura concessionária para que as obras comecem.

A intenção do governo é repassar para uma empresa privada as tarefas de melhorar a infraestrutura e cuidar da manutenção de 99 escolas por 25 anos. Para isso, o Estado vai aportar até R$ 203,6 milhões por ano. De acordo com o Piratini, foram selecionadas instituições que ficam em áreas de vulnerabilidade social.

Em dezembro do ano passado, o conselheiro do TCE Estilac Xavier emitiu medida cautelar que impede o governo de lançar o edital da PPP. Conforme a decisão, o Piratini não comprovou a vantajosidade econômica da proposta e não incluiu mecanismos para a fiscalização do contrato. Além disso, o projeto violaria a lei que assegura autonomia das escolas. No final de agosto, Leite chegou a pedir publicamente a liberação da PPP, alegando que projetos semelhantes feitos pelas prefeituras de Caxias do Sul e Porto Alegre não sofreram o mesmo questionamento.

Pedido de vista

O caso foi analisado pela última vez no mês passado, quando a Primeira Câmara do TCE julgou recurso apresentado pela Procuradoria-Geral do Estado. Em voto de 30 páginas, Estilac manteve a cautelar, enquanto o conselheiro-substituto Roberto Loureiro votou pela revogação e a conselheira substituta Ana Moraes pediu vista, interrompendo o julgamento. De acordo com o TCE, a magistrada deve apresentar o voto na sessão do dia 4 de novembro.

Pelo cronograma original, a licitação da PPP deveria ter ocorrido em fevereiro deste ano. Em nota, a Secretaria da Reconstrução Gaúcha afirmou que o Serviço de Auditoria da Corte já considerou que não há óbice para o lançamento do edital.

"O governo do RS quer dar sequência ao projeto. Esse atraso, por parte do TCE-RS, que já dura dez meses, prejudica mais de 60 mil alunos e 99 escolas da rede estadual, localizadas em 15 cidades gaúchas", diz trecho da nota. _

Foco no Dmae

Após o tumulto na sessão da última semana, o prefeito Sebastião Melo reviu a estratégia na Câmara de Porto Alegre.

A prefeitura decidiu retirar da pauta de hoje o projeto que proíbe catadores de resíduos nas ruas da Capital. Em contrapartida, centrará foco no texto que autoriza a concessão do Dmae, previsto para ser o primeiro da pauta na quarta-feira. O cálculo preliminar é de que haja ao menos 20 votos na base, dois a mais do que o necessário para a aprovação. _

Porta de saída

O secretário de Governo, André Coronel, diz que a prefeitura decidiu rever o projeto dos catadores para incluir no texto uma proposta de qualificação profissional à categoria. _

Pé no acelerador

Sebastião Melo deu aval para que a presidente da Câmara, Comandante Nádia (PL), coloque em votação ainda em 2025 a revisão do Plano Diretor.

Apresentada mês passado, a proposta tem 106 páginas, 344 artigos e diversos anexos. _

PEC do setor turístico será apresentada hoje

Será apresentada hoje na Assembleia Legislativa uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria o Marco Legal do Turismo Gaúcho. A iniciativa é do deputado Guilherme Pasin (PP) e já foi apresentada ao governo, que abriu expediente para analisar o conteúdo.

O texto dá status constitucional ao Fundo de Desenvolvimento do Turismo, inclui o setor como pilar permanente de desenvolvimento e prevê a criação de distritos turísticos mantidos pelo Estado, municípios e iniciativa privada.

Pasin abraçou a causa do setor, representada pelo movimento RSNASCE, criado após a enchente de 2024. 

Preparando as togas

O projeto que cria 30 cargos de desembargador no Tribunal de Justiça passou na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia. Na mesma sessão, foi aprovada a revisão do plano de carreira dos servidores.

A direção do TJ está em contato assíduo com deputados de diferentes bancadas para levar os projetos ao plenário em breve. 

Em nome da paridade

O Ministério Público enviou à Assembleia projeto para aumentar a gratificação dos diretores de promotoria. Hoje, o adicional é de 2%, 3% ou 4%, a depender do tamanho da promotoria. O plano é ampliar para 5%, 7,5% ou 10%.

De acordo com o MP, o objetivo é instituir paridade aos percentuais auferidos por juízes diretores de Foro. 

Entusiasmado com Juliana Brizola (PDT), o ex-deputado Juliano Roso (PCdoB) está trabalhando para que ela seja a candidata da esquerda no RS, com apoio de seu partido e do PT. Os dois foram colegas na Assembleia Legislativa.

POLÍTICA E PODER


20 de Outubro de 2025
iNFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

O cessar-fogo não vai longe

Só o mais ingênuo dos mortais acreditaria que o cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas iria longe ou se transformaria em uma paz duradoura. Nem sua retomada traz algum alento.

A trégua não durou nem uma semana. Ontem, ataques aéreos das Forças de Defesa de Israel atingiram a região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em resposta ao que o governo de Benjamin Netanyahu considerou violações do cessar-fogo por parte dos extremistas, que teriam disparado mísseis antitanque contra posições militares. Pelo menos 21 pessoas morreram, e Israel suspendeu a entrada de ajuda humanitária no território.

Nentanyahu diz ter ordenado que as tropas tomassem "medidas enérgicas" contra alvos terroristas, o Hamas negou ter feito disparos contra Israel e se disse comprometido com o armistício.

As trocas de disparos, por enquanto, são apenas isso: trocas de disparos. Escaramuças. Se as violações irão resultar no retorno da guerra aberta entre Israel e Hamas, os próximos dias dirão. Mas o incidente de ontem serve, como já havíamos previsto nesta coluna, para fortalecer vozes contrárias a qualquer acordo. Os lados a favor da sabotagem são conhecidos. Pelos israelenses, os ultraconservadores que integram o gabinete, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que instou o exército a retomar totalmente os combates na Faixa de Gaza "com toda a força". Do lado dos terroristas, as alas mais radicais. Não são poucas, considerando que se trata de um grupo cuja pedra angular não é a construção de um Estado palestino, mas o extermínio de Israel.

Não são blocos monolíticos - nem a cúpula de Netanyahu, nem o comando do Hamas. Há "fogo amigo" de todo lado.

Aliás, como em política não há vácuo de poder - tão logo Israel recuou até a "linha amarela", na segunda-feira, ainda dentro de Gaza, o Hamas retomou o controle do território. Foram vários os vídeos que circularam em redes sociais, na semana passada, mostrando execuções públicas, protagonizadas pelos terroristas, de membros de clãs rivais, que prosperaram durante a guerra, principalmente lucrando com o conflito, colaborando com Israel. Modus operandi: tiros na cabeça e nos joelhos de opositores, exatamente como fizeram em 2007 ao expulsarem a Fatah do território. Nas ruas, os extremistas espalham-se para manter a ordem, voltando a ser a lei - o que reforça a percepção de que tiveram suas capacidades militares fragilizadas, mas não perderam completamente o poder de fogo. E isso é mais uma derrota para Netanyahu, que prometeu exterminar o Hamas.

O acordo de Trump foi mal costurado. Cumpriu o papel fundamental da libertação do restante dos reféns - e nisso tem méritos -, mas, ao deixar pontas soltas, sem se preocupar com o "como", abriu pouco espaço para qualquer otimismo.

É assim a "névoa da guerra", conceito atribuído ao general prussiano Carl von Clausewitz: "Tudo é muito simples, mas até o mais simples é difícil". No Oriente Médio, essa máxima se adequa com perfeição. _

Entrevista - Filipe Albano

Gerente do Instituto de Petróleo e Recursos Naturais (IPR), uma das maiores referências em captura de carbono, e professor da Escola Politécnica da PUCRS

"A empresa que menos emitir CO2 será mais competitiva"

É um mercado que estabelece limites máximos de emissões de gases do efeito estufa, traduzidos em termos de CO2 equivalentes, CO2e. Não é só o CO2, também metano, óxido nitroso, os HFCs e os PFCs, muito mais nocivos para a camada de ozônio e que contribuem para o aquecimento global. A partir desse mercado, o foco é estabelecer um sistema governamental que controle as emissões das empresas, em especial dos setores mais poluentes. O mercado de carbono tem duas vertentes: uma que o governo está envolvido, o mercado compulsório, em fase de implementação. E o outro mercado, voluntário, que já acontece em vários países, inclusive no Brasil. Porém, ele tem uma aceitação um pouco menor, e os créditos vendidos no mercado voluntário são um pouco mais baixos em valor.

Apesar de ser a mesma métrica, o preço pode ser variável. Está atrelado ao tipo de projeto técnico. Daí entram engenharia, química e geologia. O preço da tonelada removida (de CO2 da atmosfera) ou reduzida está associado ao tipo de metodologia que se usou para captura e armazenamento de CO2, o tempo que ficará sequestrado e a qualidade do processo. Por exemplo, qual laboratório foi utilizado, se usou um organismo de validação e verificação acreditado.

Exatamente. No site carboncredits.com, há o valor dos principais mercados compulsórios operando no mundo. No mercado europeu, o crédito deve custar cerca de 70 euros. Na Califórnia está em torno de US$ 40, US$ 50.

O mercado brasileiro não estabeleceu preço básico. Normalmente, se começa estabelecendo um preço básico, mas, depois, entra na lei de oferta e demanda. O mercado brasileiro ainda não estabeleceu as metodologias técnicas que vão ser aceitas aqui. Isso é uma grande chave: para que tipo de projeto vai ser aceito, se a gente vai aceitar aqui metodologias do mercado voluntário, se vamos criar as próprias metodologias da Embrapa ou de agências do governo, da ANP, entre outras.

Nos próximos dois anos, a fase é de regulamentação. Estão começando a criar as secretarias que vão tratar do SBCE. Vai ser a Receita Federal do carbono. Cada empresa poderá emitir até 25 mil toneladas de CO2. O limite mínimo é de 10 mil toneladas. A partir disso, vai ter que reportar (ao governo). Terá obrigações formais. E há sanções claras na lei, multas pesadas a quem descumprir. A sanção pode levar até ao cancelamento do registro da empresa. Há uma expectativa de que, inicialmente, estarão os setores mais poluentes: óleo, gás, energia, siderurgia e cimento.

Exatamente. Há três palavras-chave: retenção, redução ou remoção do CO2. Os três Rs.

Pode ser, sim. Ela pode comprar um percentual de crédito, mas precisa ter um percentual que seja de projetos de redução de emissões. Então, não é só "vou lá e compro". A ideia é fomentar projetos técnicos de engenharia, reflorestamento, biologia ou de geologia, que foquem em reduzir ou remover CO2 da atmosfera. _

Um dos gerentes do Instituto de Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR), da PUCRS, Filipe Albano, explica como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) irá contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

INFORME ESPECIAL

18 de Outubro de 2025
CARPINEJAR - 

O oceano que liga o pai ao filho

Nem sempre temos a rara chance de surgir no trabalho paterno para uma homenagem surpresa.

Experimentei esse privilégio. Meu pai é o único gaúcho na Academia Brasileira de Letras (ABL). O secretário-geral da instituição, Antonio Carlos Secchin, convidou-me para ser painelista de um ciclo sobre Carlos Nejar. Agendamos a data e ele pediu segredo. Ainda brincou: "Filho de peixe, oceano é".

O encontro se deu na terça-feira, no auditório Raimundo Magalhães Júnior, na sede dos imortais, no Rio de Janeiro.

Meu paizinho, de 86 anos, magrinho, passarinho sábio no alto da árvore, cabeça raspada como a minha, de mirada faiscante e penetrante, com mais de cem obras publicadas em todos os gêneros (poesia, romance, conto, novela, teatro, ensaio), sentou-se na fila da frente, reservada às autoridades. Minha maior autoridade.

Quando me viu subindo ao palco, sentiu na pele um de seus inúmeros arrepios do dia. Arregalou a boca, demonstrando espanto mais com os lábios do que com os olhos. Enquanto eu arrumava o microfone para a minha altura, lembrei que a minha primeira palestra aconteceu na Feira do Livro de Porto Alegre, justamente sobre a sua lírica, em 1999. Na época, eu gritava para superar a timidez.

Recordei também as apresentações escolares, em que o procurava na plateia pelas frestas da cortina.

Não era apenas um discurso, porque rebobinava nossa história juntos. De esperança e de cadeiras ocupadas nos momentos cruciais da existência.

Eu desfrutava do apogeu de devolver o meu carinho, prestar um reconhecimento muito além do recanto familiar, no lugar sagrado em que ele atua, entre seus pares.

O público atento formava um círculo de notáveis, com escritores como Ana Maria Gonçalves, Antônio Torres, Miriam Leitão e Rosiska Darcy. Prometi a mim mesmo não encarar o pai durante a minha fala: duas crianças tensas, assustadas com os relâmpagos das palavras, que certamente ricocheteariam seu clarão no nosso coração.

Evitei o contato visual, embora fosse o que mais desejava. Como queria testemunhar o pai sendo reverenciado, agora em minha condição de filho adulto.

Respirei fundo e expliquei que meu pai escreve para não morrer, escreve para lutar contra a finitude, escreve para se manter desperto e lúcido, escreve como um animal da linguagem, furioso pela sobrevivência - já que, quando jovem, recebeu o diagnóstico de que contava somente com seis meses de vida. Aquilo mexeu com suas crenças. Desde então, não parou de deixar testamentos compulsivamente, a preencher as estantes e adiar o seu corpo na cova aberta.

Conforme os ritos da ABL, a produção do evento insistiu que eu preparasse a conferência por escrito. Solicitava, inclusive, um resumo com antecedência. Eu disse que improvisaria; ninguém me levou a sério. No final, com os aplausos de pé, meu pai me abraçou, absolutamente fragilizado pela sucessão de elogios, e me fez um apelo:

- Me dá o que escreveu?

Alcancei as folhas. Ele olhou, olhou e concluiu:

- Mas não tem nada nelas!

Eu simplesmente comentei:

- Pois é, meu pai, eu já o sei de cor. Tudo está impresso dentro de nós. Para os outros, fingi que estava lendo. Coloquei meus óculos e virava as páginas com lenta parcimônia. Assim pareceria mais formal.

Ele sorriu. E, por um breve descuido, chorou longamente. _

CARPINEJAR

18 de Outubro de 2025
ANDRESSA XAVIER

Respiro de humanidade

A semana começou com esperança de cenas menos tristes no mundo, a partir do cessar-fogo entre Israel e Hamas. Mais do que isso, foi emocionante ver reféns sendo devolvidos às suas famílias. Fiquei feliz, mesmo sem conhecê-los. A sensação veio ao pensar em suas famílias e ao ver o alívio dos abraços. Vinte homens liberados depois de viverem o inferno desde que foram arrancados de casa, de festas, das ruas, e mantidos em cativeiro. Muitos viram familiares sendo mortos ao lado. Um deles cavou a própria cova. Outros tantos não sobreviveram e jamais terão seus corpos devolvidos. As mulheres foram abusadas.

Aqui, de longe, não temos noção do que foi o 7 de outubro de 2023. Naquela madrugada, milhares de terroristas atravessaram a fronteira, burlaram a inteligência e a segurança de Israel. Mataram, estupraram, caçaram, filmaram tudo e até comemoraram. A guerra começou ali e se estendeu até o último fim de semana, com outros milhares de mortos em Gaza. Com nosso olhar ocidental e distante, jamais entenderemos plenamente o que se passa no Oriente Médio.

Os palestinos da Faixa de Gaza, mesmo com o fim da guerra, seguem sofrendo pelo próprio reflexo do conflito, ao voltarem para o que restou de suas casas, mas também pelo poder imposto pelos terroristas do Hamas, que matam em praça pública. Esse grupo não se importa com quem matou, com quem morreu, ou com quem sonha com um Estado palestino. Não há interesse em reconstruir Gaza nem em cuidar dos que morreram de fome ou sob bombardeios. As flotilhas humanitárias não apareceram no pós-guerra. Os financiadores dos ataques se lixam para a população civil, que continua pagando a conta da barbárie provocada por eles.

De longe, muitos apenas escolhem um lado e o defendem como uma causa. E está tudo bem ter causas, mas é preciso separar o que é povo do que é causador de uma guerra. Nesta semana, relembrei nas minhas redes sociais histórias que ouvi na viagem recente que fiz a Israel. As respostas vieram cobrando as histórias dos palestinos, como se fosse preciso contrabalançar dor com dor. Querendo cobrar justiça, as pessoas confundem o peso das vidas e acham que precisam torcer por um lado e desejar o mal do outro. A velha narrativa do bem contra o mal, como se o mundo fosse uma partida e cada um tivesse de escolher um time.

Mas o mundo não é um jogo. É múltiplo, complexo, cheio de nuances. Sem empatia, fica ainda mais difícil entendê-lo. Sem reconhecer o direito de o outro existir, então, torna-se impossível. Que o cessar-fogo traga, ainda que somente até um próximo conflito, um respiro de humanidade. _

ANDRESSA XAVIER

18 de Outubro de 2025
OPINIÃO RBS

Fim da farra dos celulares nos presídios tarda

Foi notícia na sexta-feira uma operação da Polícia Civil gaúcha contra um trio acusado de aplicar o golpe dos nudes. É mais um dos tantos crimes que se espalham com a ajuda de ferramentas digitais. O detalhe é que o delito era coordenado de dentro da Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas. Dos três envolvidos, dois são detentos. Esse é apenas mais um caso que demonstra a importância de o sistema prisional gaúcho não tardar mais em contar com uma estrutura eficiente de bloqueio de sinal de celular e internet. É de amplo conhecimento que, de dentro das cadeias, líderes de facções emitem ordens a seus comandados soltos e criminosos se comunicam com comparsas nas ruas, tentam golpes virtuais e praticam extorsões.

O governo gaúcho, de fato, encara o problema, mas chamam atenção os percalços na contratação de empresas para prestar o serviço de instalação dos equipamentos e os atrasos nos cronogramas de trabalho. Os prazos prometidos são invariavelmente descumpridos, como mostrou reportagem de Carlos Rollsing e Jonas Campos que está nesta edição de Zero Hora. Desde 2021 o Piratini tenta começar a instalação dos bloqueadores. Mas, das 24 unidades prisionais que já deveriam contar com a tecnologia, apenas duas tiveram os equipamentos colocados e aprovados nos testes. A despeito da demora, convém reconhecer ao menos que, enfim, há um horizonte para acabar a farra da comunicação sem muitos embaraços entre o interior dos presídios e o mundo exterior.

Reportagem anterior do Grupo de Investigação da RBS (GDI), em maio, demonstrou que mais de um ano depois da assinatura do contrato entre o Estado e a IMC, empresa vencedora de pregão eletrônico para o serviço, nenhuma das casas prisionais do Rio Grande do Sul que deveriam já estar garantindo a incomunicabilidade atrás das grades tinha o bloqueio pleno dos sinais. A promessa da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, então, passou para setembro. Agora, pulou para dezembro. A primeira empresa contratada, em 2021, teve o contrato rompido dois anos depois por não conseguir cumprir o acordado.

De forma resumida, das 24 unidades previstas para receber os sistemas, 13 têm os equipamentos instalados - mas, destas, 10 ainda aguardam os resultados dos testes e em uma a verificação se não há vazamento de sinal não começou. Nas outras 11, a colocação dos equipamentos e estruturas não foi concluída. É de se esperar que exista uma cobrança firme para o novo prazo, desta vez, ser respeitado.

As estatísticas mostram uma queda consistente da criminalidade no Rio Grande do Sul nos últimos anos, o que é reconhecido pela sociedade gaúcha, mas a facilidade com que detentos usam telefones celulares se mantém como um calcanhar de Aquiles da política de segurança. São recorrentes os questionamentos da população, não apenas no Estado, sobre o fato de, apesar de existir tecnologia há bastante tempo, essa situação de descontrole perdurar. É ilustrativa a informação de que, entre janeiro e setembro, 11.977 celulares foram apreendidos nas prisões gaúchas. Aguarda-se que esse deboche acabe definitivamente. 


18 de Outubro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Como pode evoluir a relação Brasil-EUA

Quando Donald Trump falou em "química" com Luiz Inácio Lula da Silva, "patriotas" que fazem uma espécie de antidiplomacia creditaram o aceno a uma "estratégia genial" que desembocaria na aprovação de uma "anistia geral e irrestrita". Depois do telefonema entre os dois presidentes, quando o secretário de Estado, Marco Rubio, foi designado para encaminhar a negociação, novo palpite infeliz: o "profundo conhecedor da América Latina" não cairia "na conversa mole do Lula". Havia motivos para cautela, mas a intenção era sabotar.

Horas depois do encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e Rubio, na quinta-feira, surgiu um antídoto à concorrência desleal: uma nota conjunta entre os dois órgãos oficiais da diplomacia de Brasil e Estados Unidos. A segunda voz da dupla que desafina dos interesses nacionais foi obrigada a reconhecer que o encontro foi "cordial", mas proclamou: "saíram com nada".

Back in business

Segundo a nota, os negociadores envolvidos "concordaram em colaborar e conduzir discussões em várias frentes no futuro imediato, além de estabelecer uma rota de trabalho conjunto". Dadas as intenções sinistras dos "patriotas", não parece "nada".

Nem os maiores interessados nos resultados, prejudicados pelo tarifaço estimulado pela antidiplomacia, esperavam anúncios concretos nessa primeira fase.Setores empresariais que sabem como se prepara uma reunião presidencial entendem a primeira abordagem oficial do tarifaço como um passo importante para levar a relação entre os dois países a um patamar mais racional. E que agora, Brasil e EUA estão "back in business", ou seja, retomando um diálogo, como avisou Trump, focado em "economia e comércio entre nossos dois países".

É melhor manter cautela, afinal a racionalidade segue longe de dominar Trump - basta ver as ameaças bélicas à Venezuela. Não importa o quanto o Brasil repita que é um dos três únicos países do G20 com os quais os EUA têm superávit, eventual alívio do tarifaço não virá de graça. Algo vai custar. É tarefa da diplomacia profissional do Brasil fazer com que seja o menor possível. _

Ao considerar insustentável a tarifa de 100% que ele mesmo impôs à China, Donald Trump serviu calmante aos mercados na sexta-feira. O dólar caiu 0,69%, para R$ 5,405, e a bolsa subiu 0,84%, voltando ao nível de 143 mil.

Um milhão de folhas

Aberta há cinco meses, a Sfoglia terá nova cozinha para duplicar a produção de croissants em Porto Alegre. Com R$ 500 mil, fabricará até 1,2 mil unidades ao dia. Em 2026, quer chegar a São Paulo. Hoje, opera em contêiner no Pátio Ivo Rizzo e já acumula faturamento de R$ 1 milhão, embalado por longas filas.

O novo local de fabricação no centro da Capital tem 500 m2. Vai começar ocupando um módulo, de 50 m2. Com a expansão, a Sfoglia quer adotar telentrega e fornecer produtos para cafeterias e outros pontos parceiros. _

500 mil cadernos

Neste mês, a CMPC aciona uma tradicional ação social no Estado. Escrevendo o Futuro prevê a distribuição de 500 mil cadernos para estudantes da rede pública de escolas municipais e estaduais de 65 cidades gaúchas. As entregas se estenderão ao longo dos próximos meses e têm apoio das secretarias municipais de Educação. A iniciativa começou ainda na década de 1990 e já contribuiu para a formação de cerca de 8 milhões de estudantes. Recebem cidades onde a empresa tem operações florestais, industriais e portuárias.

Maior empresa de energia do RS muda

Empresa responsável por toda a transmissão - transporte no "atacado", ou seja, por linhas de alta voltagem - e de dois terços da distribuição - transporte até as unidades de consumo - de energia no Rio Grande do Sul, a CPFL tem mudança no comando.

A empresa, que é controlada pela chinesa State Grid desde 2017, está substituindo o presidente do conselho de administração, cargo mais elevado na gestão. Quem assume é Sun Peng, com cerca de 30 anos de experiência no setor elétrico, em substituição a Daobiao Chen, ao qual a CPFL credita "um período de fortalecimento da governança e consolidação da estratégia de longo prazo".

A troca não deve significar mudança na gestão da CPFL Transmissão, nem na RGE, as duas empresas do grupo no Estado, com diretorias próprias. O executivo atuou em gestão na China, no Reino Unido e na Austrália. _

GPS DA ECONOMIA


18 de Outubro de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Com quem será? Com quem será que o PP vai se casar?

Se você perguntar ao presidente do PP, Covatti Filho, sobre a eleição para o governo do Estado, ele dirá que, hoje, o partido terá candidato próprio e que tem dois nomes na disputa: ele mesmo e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo. E que está costurando com Polo um acordo "que fique bem para todos". É uma forma de evitar uma crise precoce diante da resistência de um grupo à aliança com Gabriel Souza (MDB) e de outro à coligação do Luciano Zucco (PL).

Nos bastidores, a conversa é outra: o PP está rachado entre esses dois grupos e não há mágica que possa uni-los. Covatti admite que o único consenso é a candidatura própria, mas quer um acordo amplo para formar uma chapa de direita. Por isso, vem conversando com Zucco sobre a possibilidade de uma aliança que, na largada, teria os dois como pré-candidatos a governador e, ali por março ou abril, se faria uma avaliação de quem tem mais chances de vencer e se definiria o candidato. O outro concorreria ao Senado.

Leite coloca bola ao centro

Depois da conversa do governador Eduardo Leite com os dirigentes de partido e líderes de bancada, na quarta-feira, Covattinho saiu convencido de que a bola está no centro do campo:

Eduardo não impôs o nome de Gabriel. Disse apenas que precisamos estar juntos para defender o projeto do qual somos parte. Com isso, abriu a possibilidade do Gabriel não ser o candidato e de nós indicarmos o nome.

Quem conhece as entranhas do PP reconhece que, se fossem disputar no voto, hoje, Covattinho derrotaria Polo, mas esfacelaria o partido.

A chapa de direita sonhada por Covattinho reuniria PP, MDB, PSD, PL, Republicanos, Novo, Podemos e outras siglas dispostas a se unir em torno de Tarcísio de Freitas, se o governador for candidato. Tarcísio tem dito que concorrerá à reeleição em São Paulo, mas os futuros aliados acreditam que ele blefa e só não assumiu a candidatura a presidente para não esvaziar o movimento pela anistia de Jair Bolsonaro. _

Leite entrega primeiros prêmios a estudantes

Após uma participação considerada "histórica" pela secretária Raquel Teixeira, o governador Eduardo Leite entregou, no Instituto Estadual de Educação Paulo Gama, as primeiras premiações para os alunos que se destacaram no simulado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2025. A bonificação faz parte do programa de incentivos da educação lançado pelo governo estadual em agosto.

O simulado alcançou mais de 167 mil estudantes, o equivalente a 93% do público estimado pela Secretaria de Educação, um indicativo de que deu resultado a motivação em dinheiro oferecida pelo Piratini. _

Definição até o final deste ano

Na avaliação do presidente do PP, Covatti Filho, o partido terá de se definir até o final de dezembro, porque depois vêm as festas e as férias. Se a opção for se aliar à oposição, Covattinho quer que todos os indicados do PP entreguem os cargos antes da virada do ano.

- Seria antiético sair do governo e nosso pessoal continuar nos cargos - reconhece.

As demissões terão de começar por seu pai, Vilson Covatti, secretário de Desenvolvimento Rural, e por Ernani Polo, secretário de Desenvolvimento Econômico, descendo para o segundo e terceiro escalões, onde o partido ocupa centenas de cargos. _

ALIÁS

Na bancada estadual, Covatti Filho conta com a mãe, Silvana, e com os deputados Guilherme Pasin, Issur Koch e Joel Wilhelm. Ao lado de Ernani, trabalhando para que ele seja vice de Gabriel, estão os deputados Frederico Antunes e Marcus Vinicius. O deputado Adolfo Brito ainda

avalia o cenário para se posicionar.

Uma das melhores vilas turísticas do mundo está na serra gaúcha

O reconhecimento internacional coloca Antônio Prado entre os destinos turísticos mais sustentáveis e inovadores do planeta e premia o município no ano em que se comemora os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul. No Brasil, apenas um município recebeu o título antes. Foi Pomerode (SC), com a Rota do Enxaimel. _

Novo currículo para Porto Alegre

Um novo currículo para o Ensino Fundamental da rede municipal de Porto Alegre foi elaborado pela Secretaria de Educação e pode entrar em vigor já em 2026.

Com 511 páginas e construído por professores e equipes pedagógicas, o Documento Curricular do Município de Porto Alegre busca orientar de maneira clara as práticas educativas a serem adotadas nas escolas públicas da Capital.

Entre as principais novidades, está a inclusão oficial de Língua Espanhola no currículo (do 6º ao 9º ano). 

MIRANTE

A partir do dia 25, o ingresso no Jardim Botânico, em Porto Alegre, poderá ser pago com Pix. O governo anunciou no final da tarde de sexta-feira a correção de um problema prosaico - atualmente, só é possível pagar em dinheiro.

Em nota assinada pelas secretarias do Planejamento e do Meio Ambiente e enviada à coluna, a secretária Danielle Calazans, do Planejamento, informa que a iniciativa integra as estratégias do governo "que visam a melhoria dos serviços".

POLÍTICA E PODER

18 de Outubro de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Tensão entre EUA e Venezuela faz Exército ficar atento

O Exército Brasileiro deve manter parte das tropas que participaram da Operação Atlas recentemente na Amazônia, devido ao recrudescimento da tensão entre Estados Unidos e Venezuela. A coluna apurou que inclusive o Sistema Astros, baseado em Goiás e deslocado para o exercício, ficará na região até, pelo menos, a realização da COP30, em Belém, no Pará.

O Astros fica baseado no Comando de Artilharia do Exército, em Formosa, Goiás. É um sistema de lançadores múltiplos de foguetes e mísseis, montado sobre veículos, que permite à artilharia realizar ataques de saturação em larga escala, com grande mobilidade e alcance. É considerado um dos sistemas mais avançados em sua categoria no mundo.

Na quinta-feira, os Estados Unidos voltaram a atacar uma embarcação que supostamente transportava drogas no mar do Caribe, próximo à costa do país sul-americano. Essas ações têm sido frequentes, desde que o presidente Donald Trump deslocou navios de guerra para a região sob o argumento de combate ao narcotráfico.

O clima ficou ainda mais tenso nos últimos dias depois que o jornal The New York Times informou, com exclusividade, que a Casa Branca deu ordem à CIA para operar no país com objetivo de derrubar Nicolás Maduro. O governo venezuelano anunciou que teria posicionado tropas em locais estratégicos diante da aproximação dos navios americanos.

Entre os dias 2 e 11 de outubro, as Forças Armadas brasileiras realizaram a Operação Atlas na Amazônia. O exercício, que envolveu Exército, Marinha e Aeronáutica, já estava previsto. Ocorreu a cerca de 30 quilômetros da fronteira com a Venezuela. Por isso, o governo brasileiro fez questão de reforçar junto aos dois governos - de Maduro e de Trump - que o grande deslocamento de efetivo militar não fosse associado diretamente à escalada da atual crise entre os dois países. O exercício militar foi criado para preparar as Forças Armadas para a atuação na COP30.

O Comando Militar do Sul (CMS) informou que as tropas de RS, Santa Catarina e Paraná que participaram da operação já iniciaram a desmobilização. O retorno se dará a partir de Manaus, com destino a Belém, com uso de balsa em alguns trechos, e, depois, por via terrestre. _

Despedida ao gaúcho que atuou na guerra entre Rússia e Ucrânia

O gaúcho que atuava como voluntário na guerra entre Ucrânia e Rússia e morreu no início do mês, Tailon Ruppenthal, de 41 anos, foi velado e sepultado na sexta-feira em Três Coroas, no Vale do Paranhana.

Ruppenthal havia se juntado às forças ucranianas em julho para lutar contra a Rússia. Ex-soldado do Exército, o gaúcho atuou no início dos anos 2000 na missão de paz da ONU no Haiti. Ele atuava como operador de drones na cidade ucraniana de Dnipro, onde foi atingido por uma explosão causada por um drone russo. _

Tropas do sul do Brasil serão responsáveis pelo 22º contingente da Operação Acolhida, ação humanitária do governo brasileiro iniciada em março de 2018 com o objetivo de receber, abrigar e interiorizar refugiados e migrantes venezuelanos que entram no Brasil em decorrência da crise na Venezuela. São cerca de 270 militares do Comando Militar do Sul (CMS) que cumprirão missão em Boa Vista e Pacaraima, em Roraima.

Ação climática nos municípios do RS

Apenas três dos 497 municípios do Rio Grande do Sul dispõem de Plano de Ação Climática. São eles: Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo.

Os gestores dessas prefeituras reportaram que têm o plano no Roadmap Climática, ferramenta da Secretaria Estado de Meio Ambiente e Infraestrutura lançada na COP29, em Baku, no Azerbaijão, no ano passado. Outros três municípios também disseram dispor da estratégia, mas anexaram documentos, como planos de contingência.

O baixo número e a confusão dos termos demonstram desconhecimento ou pouco valor dado pelas prefeituras gaúchas ao tema. _

Redução de filas de colonoscopia

Diante de uma fila de mais de 20 mil pessoas aguardando por exames de colonoscopia em Porto Alegre, a prefeitura lançou um edital em busca de novos prestadores de serviço para os procedimentos. A iniciativa visa captar R$ 250 mil.

O objetivo, além de reduzir filas, é credenciar instituições interessadas em prestar o serviço de forma complementar à rede municipal. Atualmente, a tabela do SUS estabelece um repasse de apenas R$ 112,66 por colonoscopia. Com o novo edital, o município poderá garantir o pagamento de R$ 681,65 por exame - valor de referência de mercado e mais compatível com o custo real do procedimento. _

Coisas diferentes

Plano de Ação Climática traça metas e estratégias de longo prazo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, se adaptar às mudanças do clima e promover um desenvolvimento urbano sustentável. Já o Plano de Contingência, ações emergenciais e operacionais para responder a desastres climáticos extremos, como enchentes, secas, deslizamentos e ondas de calor. O primeiro é um plano de transformação estrutural, enquanto o segundo, de gerenciamento de crise. 

Dupla correção

A coluna errou. A eleição brasileira monitorada pela CIA, agência de inteligência americana, e comprovada em documentos dos Estados Unidos foi a de 1989, e não de 1998, como publicado na edição de sexta-feira.

Além disso, o ditador do Panamá à época da invasão americana, em 1989, era Manuel Noriega, e não Daniel Ortega como publicado neste espaço.

Pedimos desculpas aos leitores do Informe Especial. 

INFORME ESPECIAL

sexta-feira, 17 de outubro de 2025


17 de Outubro de 2025
CARPINEJAR

Lotação remodelada

Acreditava-se que os aplicativos de corrida matariam o táxi, mas atingiram mesmo a lotação.

Ela garantia um preço intermediário entre o ônibus e o táxi, e atendia lacunas de rotas, horários e regiões de menor demanda. Quem buscava um pouco de conforto, rumo ao trabalho, encontrava seu refúgio na tradicional frota laranja, com uma listra em azul-marinho.

Por um longo tempo, fui adepto incondicional de seu serviço na disputa por um dos 21 assentos. Minha linha era a João Abbott, que cobria as ruas internas de Petrópolis e me levava ao Centro. Eu acabava sendo um dos últimos passageiros - aquele que dormia na janela, que dependia de um cutucão para não perder o destino. As cortinas marrons-escuras possibilitavam uma irresistível atmosfera onírica de quarto fechado.

Quando as pessoas estavam muito atrasadas, recorriam a esse meio mais acessível, que trafegava fora dos corredores.

Entre as mordomias do transporte, em comparação com o ônibus: ele não parava somente na parada. Você subia de onde estivesse e descia onde desejasse, dentro do itinerário fixo. Poderia ser apanhado ao caminhar pelo bairro. Bastava levantar o dedo. No meu caso, eu ficava a uma esquina de minha residência. Andava a pé uma única quadra.

O veículo disponibilizava ar-condicionado, enquanto o padrão ainda se resumia ao vidro aberto. Dava para se sentir em um shopping nos dias escaldantes de verão. Não havia cobrador: o motorista descontava a passagem no momento em que você se preparava para sair. A ausência de roleta simbolizava um tratamento personalizado. O pagamento se estabelecia na confiança. Vigorava uma relação de credibilidade. Alguns quitavam o bilhete antes para não sofrer com o troco depois.

Com a concorrência digital, no início do Uber há 10 anos - principalmente na fase romântica da sua implementação, com balas e água, porta do carro aberta, pinta de chofer, tudo por menos de R$ 10 -, sua clientela se dispersou, rareou, desapareceu. Não se obtinham as mesmas vantagens do custo-benefício.

A facilidade de ser pego em casa pelo Uber instaurou seu período de ostracismo. Ninguém mais queria correr atrás do micro-ônibus. Tornou-se um ídolo sem fãs, de plateia vazia. Criado em 1977, com heroicas kômbis que buzinavam para atrair curiosos, parecia ter entrado em extinção.

A escassez das cédulas e moedas agravou o seu isolamento. Preferiam-se deslocamentos a partir do cartão de crédito cadastrado.

Num movimento de resgate de uma época de ouro, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) pretende ressuscitar o táxi-lotação em novo formato. Até o nome será diferente: Serviço de Transporte Público Coletivo Complementar de Passageiros, instituído por decreto publicado no Diário Oficial da cidade (Dopa).

Com o valor da tarifa em R$ 8 - três reais a mais do que o ônibus -, mas com a comodidade própria de uma van, a lotação terá apoio logístico para recuperar seu protagonismo no cenário urbano e afetivo da Capital. Quem sabe a nostalgia não atraia de volta os seus velhos seguidores, como eu, agora com o uso moderno do Pix?

O que não pode é haver demora na transferência de cada usuário, aguardando a bendita confirmação para seguir adiante, sob o risco de a lotação se transformar num pinga-pinga. Aliás, oferecer internet durante a viagem é uma alternativa para revitalizar o setor e acelerar o desembarque. _

CARPINEJAR

17 de Outubro de 2025
OPINIÃO RBS

Escolha sem os melhores critérios

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, está na iminência de fazer a 11ª indicação de um ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF). A vaga foi aberta com a aposentadoria antecipada da Corte de Luís Roberto Barroso, formalizada com a publicação do ato no Diário Oficial na União, na quarta-feira. Ao que parece, Lula vai desperdiçar a oportunidade de ajudar a começar a dissipar a imagem que existe em parte significativa da sociedade brasileira de um Supremo mais político e menos técnico e plural.

O principal critério recente, usado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por Lula, na atual gestão, é garantir que o ungido, em retribuição à escolha, não causará dissabores pessoais e ao governo. São premissas pouco republicanas e muito distantes das que idealmente deveriam nortear a seleção de nomes para o tribunal mais importante do país. O resultado é a continuação do desgaste do STF, que passa a ser mais percebido como parte da disputa política do que guardião da Constituição.

O considerado favorito de Lula é o advogado-geral da União, Jorge Messias. É servidor de carreira da AGU, mas tem vínculos conhecidos com gestões petistas. Seria uma definição baseada essencialmente na confiança pessoal de Lula no colaborador. Poderia ainda incluir um cálculo eleitoral. Messias é evangélico. Isso teria o potencial de diminuir as resistências desse segmento crescente da população ao PT.

A segunda opção seria o senador - e advogado - Rodrigo Pacheco (PSD-MG), último presidente da Casa e aliado de Lula no parlamento. Ajudaria na governabilidade, por ser o preferido do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e ter trânsito em todo o Congresso. Teria uma aprovação folgada de seu nome no Senado. Pacheco e Messias, portanto, têm vínculos com o chefe do Executivo, assim como as duas indicações anteriores de Lula, o seu advogado pessoal Cristiano Zanin e o seu ex-ministro da Justiça Flávio Dino. O STF tem hoje quatro escolhidos por Lula.

A Constituição prevê que os designados devem ser brasileiros natos, ter entre 35 e 70 anos, notável saber jurídico e reputação ilibada. Em relação ao conhecimento e à imagem pessoal, não há regras mais objetivas. Ainda assim, Presidências da República anteriores, como as do próprio Lula nos anos 2000, buscaram dar maior diversidade à Corte, e não apenas de pensamento. São do petista as indicações de Cármen Lúcia, a segunda mulher da história do Supremo, e de Joaquim Barbosa, o primeiro negro a presidi-lo. Este, porém, relator do caso do Mensalão, foi algoz do governo à época, situação que Lula não quer arriscar a ver repetida.

Seria saudável institucionalmente uma escolha que refletisse independência e apartidarismo e espelhasse melhor a composição da população brasileira. Não é razoável, por exemplo, que em 134 anos de existência o STF registre só três mulheres ministras. A provável opção de Lula, no entanto, parece priorizar os seus interesses políticos. Assim, ficam fortalecidos os juízos de que a disputa pelo poder passa bem mais do que deveria pela Corte. É mais uma consequência da radicalização que tantos malefícios traz para o país. 

OPINIÃO RBS

17 de Outubro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Baixa expectativa, grandes esperanças

O esperado encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, confirmou o que se previa: nada concreto, mas grandes esperanças. A expectativa era baixa sobre anúncios de mudanças. Esperava-se que avançasse para definir a pauta que será debatida, em algum momento, entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva. Principalmente, que não inviabilizasse esse encontro. Desse ponto de vista, parece ter obtido sucesso. Já é muito.

Presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira avalia que pode ser o "primeiro passo" para retomar a taxa universal de 10%.

- O bom é que o canal de diálogo, que estava truncado, agora está aberto. O mundo ideal seria a notícia de retirada, mas sabemos que é difícil, ainda vai haver algumas rodadas.

Diretora-executiva da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Cândida Cervieri observa que o Brasil deve apresentar argumentos técnicos para retirada da sobretaxa.

- É o início da negociação, quando as partes técnicas abrem o diálogo e começam a trabalhar de forma técnica.

Ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral disse que o papel da reunião, já agendada para ter só uma hora, é exatamente preparar um encontro de cúpula. _

Mais promessas, menos dólares

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, anunciou que a ajuda à Argentina pode duplicar: além do swap cambial, haveria também um empréstimo de US$ 20 bilhões. Como o primeiro instrumento anunciado não envolve dinheiro novo, só uma troca de pesos por dólares, era um ponto fraco em um sistema tão desafiado.

É tudo tão fora do normal que na quarta, dia do anúncio de Bessent, o mercado de câmbio não se animou: tanto a cotação oficial quanto a paralela subiram, em vez de cair. Para ontem, havia expectativa de anúncios. Não vieram, e subiram tanto o dólar oficial (1.425 pesos) quanto o paralelo (1.470 pesos), embora ambos com discrição. _

Rombo nos Correios constrange governo

O novo buraco de R$ 20 bilhões exposto pela intervenção da Casa Civil na gestão dos Correios, que gerou prejuízo acumulado de R$ 4,4 bilhões só no primeiro semestre, constrange o governo Lula e desafia a expectativa de equilíbrio fiscal. A perda corresponde ao triplo (222% maior) da registrada no mesmo período de 2024. Uma das alegações é que a taxação das compras em sites estrangeiros abalou uma das principais receitas. Não justifica as cifras.

O plano foi anunciado pelo novo presidente da empresa pública, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu há 21 dias. Inclui renegociação com fornecedores, busca de novas receitas e um plano de demissão voluntária financiado por dinheiro novo. .

O plano é buscar R$ 10 bilhões ainda neste ano com Banco do Brasil e Caixa e bancos privados, mais outro tanto em 2026. Para isso, é necessária garantia da União, o que significa que o risco da má gestão pode desembocar no mesmo lugar de sempre, o bolso do pagador de impostos. A crise não surgiu agora, mas em um país tão cheio de necessidades, ter mantido uma gestão desastrosa por tanto tempo exige explicações. _

Entrevista - Bruno Mandelli

Diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (Assibge)

"Se houvesse problema de credibilidade, apontaríamos"

Quem a Assibge representa?

É um sindicato nacional dos servidores do IBGE, representa servidores ativos, aposentados, efetivos e temporários. Temos cerca de 6 mil filiados.

Qual a discordância em relação à mudança no estatuto?

A mudança pleiteada pela direção caminha no sentido de concentrar poder na presidência do IBGE em detrimento das áreas técnicas. A minuta retira do estatuto a previsão de como seriam estruturadas as diretorias. E sem determinação, o presidente do IBGE teria liberdade para, a qualquer momento, criar novas diretorias, fundir, trocar atribuições. O entendimento é bastante consensual no corpo técnico.

A Assibge é contra qualquer mudança no estatuto ou contra a proposta?

A proposta apresentada tem pontos muito graves. Então, não estamos trabalhando para emendar a proposta, mas não temos objeção à mudança de estatuto.

Não reconhecem a justificativa de que a revisão visa a permitir a modernização do IBGE?

A mudança proposta não tem nenhum traço de modernização. É bastante arcaica. O IBGE tem dificuldades de exercer o papel de coordenador, mas a mudança de estatuto não é o caminho.

As discordâncias colocam a credibilidade em risco?

Se houvesse qualquer indício de problema de credibilidade nos dados, nós apontaríamos. Não queremos que nossas críticas coloquem dúvida sobre os dados que são produzidos hoje pela instituição. Agora, o processo de fragilização do IBGE pode gerar dúvidas sobre a qualidade dos dados no futuro. _

GPS DA ECONOMIA


17 de Outubro de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Ação da CIA na Venezuela é opção para fazer sangrar o regime Maduro por dentro

Monitorar atividades em outros países - em especial aquelas que possam ser contrárias aos interesses americanos - é função principal da CIA. Mesmo atividades no RS já foram observadas com lente de aumento em diferentes momentos históricos, como eu e o colega Carlos Rollsing noticiamos em várias reportagens do GDI: atividades comunistas na Avenida Voluntários da Pátria, o movimento da Legalidade e seu mentor, o governador Leonel Brizola, e a eleição de 1998, entre outros momentos confirmados por documentos oficiais.

Do monitoramento ao sinal verde para operar em solo estrangeiro é um caminho que exige um processo interno na cadeia de comando do governo americano, que encontra clímax no Salão Oval. Publicada originalmente pelo The New York Times, a notícia de que Donald Trump autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela pode ser vista por dois vieses: um da mera ação psicológica, de impor medo ao rival, forçando-o a capitular, ou de elevar a pressão a ponto de motivar um levante na caserna. Afinal, se a operação é sigilosa, qual o interesse do governo ao torná-la pública?

Também pode ser os dois. Uma operação militar tradicional teria custos muito mais elevados do ponto de vista financeiro e em vidas. Obviamente, as capacidades militares bolivarianas são infinitamente inferiores à maior potência militar do planeta, mas as consequências sempre trazem, de volta, os fantasmas do Vietnã e do Iraque - principalmente em um cenário no qual Maduro armou civis.

Até que ponto essas pessoas, com exceção das milícias, estariam dispostas a morrer pelo regime é uma incógnita. Sendo assim, uma operação de inteligência acaba sendo, para Trump, uma opção mais viável: fazer o regime sangrar por dentro. _

Reunião entre EUA e Ucrânia

Em nota, a embaixada ucraniana nos EUA afirmou que os "principais tópicos da visita incluem o fortalecimento da defesa aérea da Ucrânia, o aumento da resiliência do nosso setor energético, a expansão das capacidades de longo alcance e a exploração de sanções adicionais à Rússia".

Um dos tópicos será o possível envio de mísseis tomahawk à Ucrânia. O fato gerou apreensão do governo russo, já que os artefatos são de longo e potente alcance e poderiam fortalecer o poderio militar ucraniano.

Ontem, Donald Trump e Vladimir Putin concordaram em convocar reunião de funcionários de alto nível na próxima semana. Em publicação no Truth Social, Trump disse que ele e Putin se encontrariam em Budapeste.

"Acredito, de fato, que o sucesso no Oriente Médio ajudará em nossas negociações para o fim da guerra com a Rússia/Ucrânia" disse Trump. _

Panamá

A presença militar americana na costa venezuelana é a maior desde que os EUA invadiram o Panamá, em 1989, para depor o presidente Daniel Ortega, na época também acusado pelos EUA de ser um narcotraficante.

"Arco de Trump" em Washington

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou na quarta-feira uma maquete do seu mais novo projeto arquitetônico para Washington. Trata-se de uma obra triunfal que está sendo chamada informalmente de "Arco de Trump", pela similaridade com o Arco do Triunfo de Paris.

A previsão é de que a obra seja concluída a tempo da celebração do 250º aniversário do país, comemorado no ano que vem. Apesar de Trump não ter informado quanto custará o arco ou como ele será financiado, a proposta foi apresentada durante um jantar na Casa Branca para agradecer a bilionários e grandes empresas pelas doações a outras projetos arquitetônicos do republicano.

A obra deverá ser instalada na entrada da Ponte Memorial de Arlington, de frente para o Lincoln Memorial. No topo, o arco contará com uma figura dourada da Estátua da Liberdade. _

Os próximos ministros perto da aposentadoria no STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso anunciou, recentemente, sua aposentadoria. A decisão foi antecipada, já que, caso seguisse o regimento, o magistrado só sairia em 2033.

O STF é formado por 11 ministros. De acordo com o regimento, um ministro deve se aposentar ao completar 75 anos. Não fosse pela saída antecipada de Barroso, essa rodada de mudanças na Corte só teria início em abril de 2028. _

Confira a lista

Luiz Fux: tem 72 anos e se aposentará em abril de 2028.

Cármen Lúcia: tem 71 anos e se aposentará em abril de 2029.

Gilmar Mendes: tem 69 anos e se aposentará em dezembro de 2030.

Edson Fachin: tem 67 anos e se aposentará em fevereiro de 2033.

Luís Roberto Barroso: tem 67 anos e solicitou aposentadoria antecipada. Sua aposentadoria compulsória seria em março de 2033.

Dias Toffoli: tem 57 anos e se aposentará em novembro de 2042.

Flávio Dino: tem 57 anos e se aposentará em abril de 2043.

Alexandre de Moraes: tem 57 anos e se aposentará em dezembro de 2043.

Kassio Nunes Marques: tem 53 anos e se aposentará em maio de 2047.

André Mendonça: tem 52 anos e se aposentará em dezembro de 2047.

Cristiano Zanin: tem 49 anos e se aposentará em novembro de 2050.

INFORME ESPECIAL

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