sábado, 11 de outubro de 2025


11 de Outubro de 2025
MARCELO RECH

O xadrez de 2026

A um ano das eleições presidenciais de 2026, estamos assim: Lula corre lépido e faceiro em campo aberto, enquanto a direita se desintegra e atola em uma avalanche de candidaturas, vaidades e intrigas. Esse quadro significa que Lula está com a mão no quarto mandato? Longe disso. Há uma série de variáveis que ainda não se encaixaram para desenhar o mapa político do ano que vem.

Um fato crítico é o nome a ser consagrado por Jair Bolsonaro para comandar a tropa da direita rumo a um provável segundo turno. Mesmo com a bola mais murcha, Bolsonaro é o grande eleitor do partido anti-Lula. Em retiro forçado, o ex-presidente se mostra errático: ora dá sinais de que prefere como sucessor o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ora que poderá indicar Flávio Bolsonaro para carregar o cetro da família. O resultado é uma guerra literalmente fratricida nas fileiras da direita, com Eduardo Bolsonaro ameaçando se lançar por conta própria por outro partido que não o PL.

Foi o 03 e sua desastrada movimentação pelas sanções contra o Brasil que contribuíram para vitaminar Lula e uma esquerda que andavam sem rumo. Com a pecha de traidor da pátria e após a química de Lula e Trump, Eduardo já não tem o que perder. É porque sabe muito sobre muitos que os aliados de outrora não o cutucam com vara curta. A vida de Jair Bolsonaro no exílio domiciliar não é fácil: além de administrar as ambições dos filhos com duas ex-mulheres, precisa lidar com os planos da atual, Michelle, que volta e meia se lança candidata a presidente.

Outra variável é Tarcísio de Freitas. Mesmo com o sinal verde de seu mentor para disputar a Presidência, ele não abriria mão de uma provável reeleição ao Palácio dos Bandeirantes se as portas da esperança do Planalto não estiverem escancaradas. Caso Lula siga nadando de braçada com a isenção do IR até R$ 5 mil e uma pauta populista que não para de engordar, sobrariam então duas frentes para encará-lo.

A primeira seria um governador de direita com boa avaliação e trânsito para além do bolsonarismo. Ratinho Jr., do Paraná, opção número 1 pós-Tarcísio decidida pelo cacique do PSD, Gilberto Kassab, tem mostrado mais viabilidade eleitoral do que Ronaldo Caiado, de Goiás. A segunda pode ser uma candidatura que ainda não ganhou visibilidade ou que sequer é cogitada.

Uma pesquisa da ONG More in Common em parceria com a Quaest identificou que 54% dos brasileiros não se enquadram nos grupos polarizados entre Lula e Bolsonaro. São os chamados invisíveis, porque não se manifestam nas redes e nem vão a protestos. Grande parte dos invisíveis se abstém de votar ou vota nulo e branco, mas a fatia flutuante é suficientemente numerosa para decidir uma eleição. É aí que se encontra a possibilidade de uma surpresa em 2026. 

MARCELO RECH

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