
11 de Outubro de 2025
ANDRESSA XAVIER
Odeio patinete
Não costumo usar a palavra ódio a esmo, mas, veja bem, precisava chamar atenção para o problema da proliferação de patinetes. Eles estão por toda parte, como um pesadelo para os pedestres. As calçadas de Porto Alegre por si só já seriam suficientes para incomodar quem anda por aí. É buraco, desnível, piso escorregadio, degrau inesperado. A experiência fica mais complicada se você estiver pilotando um carrinho de bebê. Isso sem falar nas pessoas com deficiência, que precisam adivinhar por onde devem ou não passar. Cadeirantes penam sem as rampas nas esquinas, ou pior, rampa de um lado, mas do outro um degrau alto. Tem construções novas com esse erro básico. Só observamos isso quando precisamos usar.
Mas voltemos aos patinetes. Dia desses, ao tentar atravessar na faixa de pedestres, na Zona Sul, precisei desviar de cerca de 20 patinetes, alguns caídos, como se fossem peças de jogo de dominó após um peteleco em uma das extremidades. Os usuários simplesmente jogaram o equipamento onde pararam de usar, mesmo que tenha sido em cima do acesso à faixa ou tomando toda a calçada.
Mas não é só isso. Os patinetes, caro leitor, são feitos para uma pessoa utilizar para seus deslocamentos. Uma. Singular. Não é para pai e filho, não é para casais fazendo selfie, não é para o cachorro no colo. Não deveria ser para crianças, já que pode passar dos 30 quilômetros por hora e seria irresponsável deixar um menor de idade utilizar um veículo nessa velocidade. Para as crianças existem os de brinquedo, com a segurança necessária e itens como capacete e joelheira.
Em outra situação recente que presenciei, dois adolescentes passaram com seus patinetes alugados no meio da pracinha. Da pracinha! Cheia de crianças pequenas. Não atropelaram ninguém por uma sorte enorme. A menina até balançou, não chegou a cair, mas precisou desviar a cabeça para não bater em um dos brinquedos. Aí eu pergunto: por que alguém corta uma praça com chão de areia, num domingo à tarde, de patinete? Por quê? Eram duas criaturas desgovernadas em um local absolutamente inapropriado.
Eu teria zero problema com eles se houvesse um lugar para o patinete transitar, operado por adultos sozinhos, estacionado em lugares próprios para isso e que não tranquem o passeio público nem deixem as pessoas receosas de que vai surgir um, do nada, onde não deve. É louvável que seja usado para o lazer ou como meio de transporte rápido e não poluente. Ótimo, maravilhoso e sustentável. No fim das contas é o uso errado que me incomoda tanto. O pobre do patinete paga a conta da irritação com as pessoas que não respeitam regras e espaços.
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